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sem medo de errar
Para ajudar o seu colega, você deve se lembrar que existem grupos variantes dentro do sistema ABO. O grupo A2 é um exemplo. Trata-se de um antígeno quimicamente idêntico ao A, porém ligado a um número mais restrito de estruturas e encontrado em menor densidade na hemácia. Por esse motivo, indivíduos que apresentam esse fenótipo variante podem gerar anticorpos naturais contra o antígeno A1 original. Para confirmar se o doador possui o fenótipo A2 variante e para ter certeza de que os resultados obtidos por seu colega não são decorrentes de algum erro técnico, as hemácias do doador devem ser testadas com a lectina anti-A, molécula extraída da planta Dolichos biflorus. Hemácias do tipo A2 não aglutinam na presença dessa molécula, diferente daquelas do tipo A1.
Avançando na prática
Um pedido suspeito
Imagine que você, já formado, esteja trabalhando no laboratório de imuno-hematologia de uma maternidade da sua cidade, onde são realizados alguns dos exames relacionados ao pré-natal. Uma paciente, Maria, havia sido mandada ao laboratório para realizar um exame chamado Teste da Antiglobulina Humana Indireto (TAI) a pedido da médica responsável. De acordo com ela, a médica fez o pedido após ter lhe contado que tem sangue “negativo” e que esperava o segundo filho de seu marido. A paciente estava claramente nervosa, pois, na primeira gestação, não foi pedido esse exame e temia que algo estivesse errado com seu bebê. Você saberia explicar por que a médica teria passado tal exame para Maria?
Para você responder corretamente e ajudar Maria, deve lembrar-se de que o objetivo do TAI é identificar, no soro testado, a presença de anticorpos não aglutinantes específicos contra antígenos eritrocitários. Como Maria disse ter sangue “negativo” é provável que ela esteja se referindo ao Rh. Mulheres Rh negativas, durante a gestação de um feto Rh positivo, podem gerar anticorpos anti-D. Em uma segunda gestação, também com um feto Rh positivo, esses anticorpos podem atravessar a placenta e induzir a lise das hemácias fetais, levando ao quadro de eritroblastose fetal. Assim, a médica foi correta em pedir o exame para identificar a presença de anticorpos anti-D no soro de Maria e, se necessário, iniciar o tratamento para evitar o quadro.