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Praticar para aprender
Caro aluno, certamente você já ouviu falar em transplantes. Isso porque existem diversas campanhas para doação de órgãos, tecidos e células tronco hematopoéticas que circulam na televisão e em outros meios de comunicação. O transplante de medula óssea, por exemplo, já foi até tema de filmes e de novelas, o que demonstra a magnitude desse assunto.
A importância desse tipo de tratamento é imensa, sendo, muitas vezes, a única opção curativa para quadros incapacitantes como a disfunção, genética ou adquirida, de órgãos e tecidos. O reflexo disso é a existência, no país, de um sistema dedicado exclusivamente a tal tratamento: o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), responsável pela coordenação de todo o processo de captação de órgãos e sua distribuição. Ele integra as secretarias de saúde de todos os estados e municípios a fim de garantir a logística adequada desde a identificação de um potencial doador até o momento do transplante em si. Atualmente, o SNT é o maior sistema público de transplantes do mundo, com quase 90% dos procedimentos custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Outro motivo de orgulho é o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), nome dado ao registro de doadores de medula óssea. Com mais de 5 milhões de doadores cadastrados, é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e o primeiro se compararmos àqueles que são financiados exclusivamente pelo poder público.
Apesar da eficiência em tratar tantas condições diferentes, a utilização ampla dos transplantes esbarra na necessidade de compatibilidade imunológica entre doadores e receptores. Por isso há a imunologia dos transplantes, que é a área dedicada ao estudo da histocompatibilidade entre os indivíduos a fim de desenvolver formas para minimizar as limitações impostas pela resposta imune que se desenvolve contra o enxerto. Para que você compreenda os principais conceitos dessa área, esta seção abordará as bases da rejeição de enxertos de órgãos e de medula, os tipos de rejeições imunológicas observadas na clínica e, finalmente, as práticas e tratamentos que visam diminuir os casos de rejeição.
Para contextualizar sua aprendizagem, vamos retomar a situação-problema da seção anterior, na qual você, já formado, acabou de passar para o programa de residência em Hematologia e Histocompatibilidade de um importante hospital de transplantes. No seu primeiro ano, você e seus colegas de turma percorrerão os diferentes laboratórios do hospital para, então, escolher um onde permanecerão o restante do programa.
O segundo laboratório determinado para vocês conhecerem é o de imunogenética. Ao chegar no local, vocês foram apresentados a Carolina, a dirigente do setor. Ela explicou que o laboratório é responsável por realizar os exames para a determinação dos alelos HLA de pacientes e doadores para verificação da compatibilidade genética entre eles. Carolina tinha acabado de realizar um exame entre um paciente, que precisava de um doador de medula óssea, e seus três irmãos. O resultado não foi favorável para o paciente, visto que nenhum dos irmãos era compatível com ele. Sabendo que é mais fácil achar um doador compatível dentro da família, um de seus colegas de turma disse que o resultado era estranho e que a única explicação era que o paciente deveria ser um filho adotado, já que nenhum irmão era compatível. Você concorda com seu colega? Se não, o que diria a ele?
E, então, preparado para mais uma aventura imunológica? Vamos lá!
conceito-chave
Transplante é o nome dado ao tratamento baseado na transferência de células, tecidos ou órgãos, chamados de enxertos, entre dois indivíduos, o par doador e o par receptor, a fim de substituir um tecido ou um órgão disfuncional. As primeiras tentativas clínicas de substituir um tecido danificado por meio de transplantes datam da Segunda Guerra Mundial, quando pacientes com queimaduras graves receberam enxertos de pele de doadores não aparentados. A abordagem se mostrou ineficaz, pois nas primeiras duas semanas após a enxertia, os transplantes de pele sofriam necrose e se desprendiam do local onde foram inseridos. As falhas na enxertia levaram Peter Medawar e outros pesquisadores a estudarem o transplante de pele em modelos animais.
De acordo com os dados obtidos com essas pesquisas, foi estabelecido que a perda do enxerto era causada por uma reação inflamatória chamada, então, de rejeição. Foi confirmado, ainda, que a rejeição de enxertos tinha características da resposta adaptativa, como especificidade e memória, e era mediada por linfócitos. Por exemplo, enquanto a rejeição de um transplante de pele realizado entre um doador e um receptor não idênticos geneticamente demorava de 10 a 14 dias para acontecer, um segundo enxerto realizado entre os mesmos indivíduos era rejeitado em um tempo muito menor. E mais, se o receptor recebesse um terceiro enxerto de um outro doador não idêntico (e diferente do primeiro) a rejeição ocorria no tempo normal. Esses dados confirmaram que a rejeição é um fenômeno específico e capaz de gerar memória imunológica. Além disso, foi mostrado que a habilidade de rejeitar mais rapidamente um enxerto poderia ser passada de um receptor sensibilizado para outro não sensibilizado apenas pela transferência dos linfócitos.
Vocabulário
Os imunologistas desenvolveram um vocabulário especial para descrever os tipos e as fontes de células e de tecidos usados nos transplantes. Um transplante realizado do indivíduo para ele mesmo é chamado de transplante autólogo. Por mais estranha que essa ideia possa ser, ela é uma opção utilizada em alguns casos de transplante de medula óssea, por exemplo. Quando o procedimento ocorre entre indivíduos diferentes, dá-se o nome de heterólogo. Se o par doador/receptor for geneticamente idêntico, o transplante é conhecido como singeneico. Caso sejam geneticamente diferentes, porém da mesma espécie, o transplante é chamado de alogeneico, e os antígenos associados são conhecidos como aloantígenos. Por fim, se o par doador/receptor for de espécies diferentes, o transplante é conhecido como xenogênico e os antígenos associados, conhecidos como xenoantígenos.
Se a rejeição é baseada em uma resposta adaptativa, quais seriam os antígenos que a deflagram? Já falamos deles em seções anteriores: são as moléculas codificadas pelos genes do Complexo de Histocompatibilidade Principal (MHC), também conhecidos como Antígenos Leucocitários Humanos (HLA). A rejeição acontece quando não há igualdade entre as moléculas de HLA do par doador/receptor. Aí reside uma enorme dificuldade relacionada aos transplantes. Como você deve se lembrar, dentre as principais características dos genes HLA estão o alto grau de polimorfismo, refletido nos mais de 12000 alelos de classes I e II já relatados, e a expressão em codominância, de modo que uma única célula pode apresentar até seis moléculas de classe I e até doze moléculas de classe II distintas. Ou seja, é muito difícil encontrar dois indivíduos não aparentados que possuam as mesmas versões de moléculas de HLA entre si. A proporção gira em torno de 1:100.000.
Assimile
Os experimentos que identificaram o MHC como a principal fonte de compatibilidade entre indivíduos também serviram para elencar algumas “regras” que regem a imunologia dos transplantes. São elas:
1. Tecidos ou órgãos transplantados entre indivíduos geneticamente idênticos nunca são rejeitados, enquanto transplantes realizados entre indivíduos geneticamente diferentes o são.
2. O descendente (F1) do cruzamento entre animais geneticamente distintos não rejeita enxertos provenientes dos animais parentais. Em outras palavras, um animal, fruto do cruzamento entre camundongos da linhagem A e da linhagem B, F1 (A X B), pode receber enxertos tanto de animais A quanto de B. No entanto, os animais dessas linhagens (A ou B) rejeitam enxertos provenientes de F1 (A X B).
Além das moléculas de MHC, polimorfismos em proteínas teciduais também contribuem, em menor escala, para a rejeição. Esses antígenos normalmente induzem reações de rejeição fracas ou mais demoradas do que as reações induzidas pelas moléculas de MHC. Por causa disso, são conhecidas como antígenos de histocompatibilidade menor.
Para licitar uma resposta imune, os aloantígenos devem ser capazes de ativar as células T auxiliares e citotóxidas do hospedeiro. Para tanto, as moléculas de MHC alogênicas podem ser apresentadas aos linfócitos T do receptor de duas maneiras distintas, chamadas de via direta e via indireta.
Na via direta de alorreconhecimento, moléculas de MHC, intactas e expressas pelas células do tecido enxertado, são reconhecidas diretamente por células T do receptor, sem que tenha havido o processamento por células dendríticas. Pode parecer estranho que isso aconteça, em especial se você se lembrar do fenômeno de restrição ao MHC próprio sobre o qual já falamos em outras seções, mas existem algumas hipóteses possíveis para explicar esse fato. Uma delas é que, apesar de a seleção negativa eliminar os linfócitos T com alta afinidade por moléculas de MHC próprias, ela não necessariamente elimina os clones que reconhecem, com alta afinidade, moléculas de MHC alogeneicas pelo simples fato de essas moléculas não serem apresentadas no timo. Como resultado, o repertório maduro de linfócitos T de um indivíduo possui células com uma afinidade intrínseca fraca por moléculas de MHC próprias, mas com alta afinidade por moléculas de MHC estranhas a ele.
É valido destacar que esse padrão de reconhecimento desperta uma resposta inflamatória muito forte. Estima-se que 1 a 2% de todas as células T de um indivíduo reconheçam moléculas de MHC alogeneicas diretamente no enxerto, o que equivale a uma frequência de clones ativados de 100 a 1000 vezes maior do que a frequência de clones específicos para um peptídio microbiano apresentado por uma molécula de MHC própria durante uma infecção qualquer. Alguns fatos ajudam a esclarecer o porquê dessa alta frequência. O primeiro é que toda célula dendrítica expressa centenas de moléculas de MHC em sua superfície ao mesmo tempo. Se todas essas moléculas forem estranhas ao receptor, poderão ser reconhecidas por seus linfócitos T. Em contrapartida, durante uma infecção, menos de 1% das moléculas MHC próprias, expressas pelas APCs, apresentam antígenos microbianos capazes de ativar os linfócitos T. Outro fato digno de nota é que várias das células que respondem ao MHC alogeneico são células de memória, geradas durante a exposição prévia a antígenos estranhos e que fazem o reconhecimento cruzado. Essas células de memória respondem muito mais rápido e são mais eficazes do que os linfócitos virgens, contribuindo, assim, para a magnitude da resposta alorreativa.
Já na via indireta de alorreconhecimento, as moléculas de MHC do doador são capturadas e processadas por células dendríticas do receptor, e os peptídios gerados são apresentados via moléculas de MHC próprias. A partir desse ponto, a ativação dos linfócitos ocorre como em uma resposta convencional a antígenos estranhos. Como os linfócitos T citotóxicos ativados por essa via são específicos para aloantígenos exclusivamente apresentados por moléculas de MHC próprias do receptor, eles falham em matar as células do enxerto. Dessa forma, a rejeição induzida por essa via se baseia principalmente na ação dos linfócitos T auxiliares, em especial os subtipos Th1 ou Th17, que secretam citocinas inflamatórias, contribuindo, assim, para a injúria do enxerto, além de serem capazes de estimular a produção de anticorpos específicos para moléculas de MHC alogênicas. O infiltrado inflamatório no enxerto também será diretamente ligado ao perfil de resposta desses linfócitos. Nas rejeições mediadas pelo perfil Th1, há um predomínio de macrófagos, enquanto naquelas mediadas pelo perfil Th17, costuma-se observar um infiltrado neutrofílico. Assim como visto em outras situações, as células T reguladoras são capazes de suprimir a resposta inflamatória aos enxertos e sua presença no órgão transplantado pode impedir a rejeição.
A importância do alorreconhecimento direto e indireto na rejeição do transplante ainda é matéria de discussão entre os especialistas. No entanto, muitos concordam que a rejeição aguda, a qual acontece pouco tempo depois da enxertia, é mediada principalmente pelo reconhecimento direto dos aloantígenos por linfócitos T citotóxicos e que a rejeição crônica é resultado do reconhecimento indireto dos aloantígenos e da inflamação induzida por citocinas secretadas por linfócitos T auxiliares e por anticorpos, cuja produção também é estimulada por essas células.
Exemplificando
A Reação Leucocitária Mista (MLR) é um modelo in vitro de reconhecimento de aloantígenos por linfócitos T. Neste modelo, células T de um indivíduo são cultivadas com leucócitos de outro indivíduo e a proliferação de células T e a produção de citocinas é mensurada. A magnitude dessa resposta é proporcional à extensão da diferença entre os MHCs desses indivíduos e é uma forma de predizer o destino do transplante entre eles.
Por falar em anticorpos, os linfócitos B, que contribuem para a rejeição do enxerto, também são alorreativos e passam a secretar anticorpos de alta afinidade contra moléculas de MHC alogeneicas após a ativação T-dependente. A sequência de eventos que leva à geração desses anticorpos é a mesma que vimos para os demais antígenos proteicos estranhos. Da mesma forma, os mecanismos efetores induzidos por essas moléculas, ao se ligarem a antígenos do enxerto, também são os mesmos deflagrados para antígenos microbianos. Entre eles destacam-se a fixação de complemento e de ativação de neutrófilos, macrófagos e células NK por meio de receptores Fc. Como as moléculas de MHC são expressas também em células endoteliais, grande parte do dano mediado por aloanticorpos acontece nos vasos que irrigam o enxerto.
Alguns anticorpos alorreativos podem estar presentes no receptor mesmo antes do transplante. Um exemplo são os anticorpos naturais que todos nós temos. Normalmente, esses anticorpos são do tipo IgM e acredita-se que tenham sido gerados em resposta a carboidratos antigênicos expressos por bactérias comensais do intestino. Dentre os diferentes tipos, aqueles direcionados contra os antígenos do grupo sanguíneo ABO são os de maior relevância na clínica. Tais antígenos são expressos não apenas nas hemácias como também nas células do endotélio vascular. Dessa forma, os transplantes de órgãos devem obedecer às mesmas regras de compatibilidade sanguínea que regem a transfusão de hemocomponentes (fique tranquilo pois falaremos melhor sobre esse assunto na próxima seção). Alguns receptores podem, ainda, apresentar anticorpos do tipo IgG contra moléculas de MHC do doador. Anticorpos desse tipo são gerados devido à exposição prévia aos aloantígenos por meio de transfusão sanguínea, transplante prévio ou múltiplas gravidezes.
Em diferentes modelos experimentais e na clínica médica, células T alorreativas CD4+ ou CD8+ e os aloanticorpos se mostraram capazes de mediar a rejeição de enxertos por diferentes mecanismos que, juntos, contribuem para o desfecho do transplante. Por razões históricas, a rejeição do transplante é classificada em três tipos diferentes com base nos padrões histopatológicos e no tempo pós-enxertia. São eles: a rejeição hiperaguda, a rejeição aguda e a rejeição crônica. Cada um desses padrões está associado a mecanismo imune efetor dominante.
A rejeição hiperaguda ocorre dentro de minutos após o transplante e é caracterizada por trombose nos vasos do enxerto e necrose isquêmica no tecido enxertado. Essa rejeição é mediada pelos anticorpos alorreativos já presentes no receptor, que reconhecem antígenos das células endoteliais. Quase que imediatamente após o transplante, esses aloanticorpos se ligam a antígenos do endotélio vascular do enxerto e ativam o sistema complemento, resultando em injúria tecidual, que, em última instância, induz a agregação plaquetária, a ativação do sistema de coagulação e a formação de trombos que impedem o fluxo sanguíneo para o enxerto. Atualmente, casos de rejeição hiperaguda são raros na clínica, uma vez que a doação de órgãos é realizada apenas entre indivíduos com compatibilidade ABO, além de ser feito um teste chamado de prova cruzada antes dos transplantes. Nesse teste, o soro do receptor é incubado com células do doador e o índice de mortalidade é analisada. A partir disso, pode-se garantir a ausência de aloanticorpos pré-formados no receptor, o que poderia causar a rejeição.
A rejeição aguda ocorre dentro de alguns dias após o transplante e corresponde hoje à principal ocorrência de rejeição. Aqui, o quadro é mediado tanto por anticorpos alorreativos (e ativação do sistema complemento) quanto por linfócitos T auxiliares e citotóxicos específicos para os aloantígenos. Enquanto as células T auxiliares secretam citocinas inflamatórias que causam injúria tecidual, as células citotóxicas atacam diretamente as células do enxerto, resultando em danos no tecido transplantado e nos vasos que o irrigam.
Já a rejeição crônica é uma forma indolente de dano no enxerto, a qual se desenvolve após meses ou anos do transplante, levando a uma perda progressiva da função do tecido enxertado. As mudanças patológicas dependem do tecido em questão. No caso de transplantes renais ou cardíacos a rejeição crônica é caracterizada por oclusão vascular e fibrose intersticial. No transplante de pulmão, ocorre o estreitamento das vias aéreas, conhecida como bronquiolite obliterante. No fígado, costuma ocorrer fibrose e disfunção dos ductos biliares. A lesão que predomina na rejeição crônica de enxertos vascularizados é a oclusão arterial, resultante da proliferação da camada muscular íntima, fenômeno que é chamado de vasculopatia ou aterosclerose acelerada do enxerto e que leva a danos isquêmicos. A principal causa são as citocinas inflamatórias produzidas por linfócitos T auxiliares alorreativos.
Existem algumas formas de prevenir ou de tratar a rejeição de enxertos. A simples tipagem ABO, a determinação dos alelos de HLA de doadores e de receptores, a testagem de receptores para a presença de anticorpos anti-HLA (teste conhecido como Painel de Anticorpos Reativos – PRA), bem como a realização da prova cruzada previamente ao transplante são maneiras bastante eficazes de impedir a rejeição.
Exemplificando
Para você entender um pouco mais sobre a dinâmica da doação de órgãos e sobre a sequência dos exames pré-transplantes, vamos pegar o exemplo dos transplantes renais no Brasil.
Aqui existe o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que gerencia a lista de transplantes no país e é responsável pela lista de espera de pacientes de órgãos/tecidos e pela distribuição destes pelos estados. Em cada estado, existe uma Central de Transplantes responsável pelo gerenciamento dos transplantes no local. Assim, um paciente que precise de um rim, por exemplo, é inscrito pelo seu médico no SNT e entra para a fila de receptores do estado de origem. Os exames iniciais englobam a tipagem ABO, a tipagem de alguns alelos HLA (a saber: locus A, B e DR, os mais relevantes no transplante renal) e o painel de anticorpos anti-HLA. Esse último exame é repetido a cada três meses para acompanhar se o paciente produziu aloanticorpos nesse período. Quando aparece um doador, normalmente falecido, é realizada a tipagem ABO e a tipagem HLA com amostras de sangue dele. Em seguida, a Central de Transplantes do estado elenca 10 possíveis receptores para esse doador. Esses receptores são selecionados a partir da fila de pacientes renais do estado e leva em consideração o grau de compatibilidade HLA com o doador, o tempo de fila, as condições físicas e a idade. Por fim, é realizada a prova cruzada entre o soro de cada um desses 10 receptores e as células do doador. Receberá o órgão o primeiro dos 10 pacientes que for compatível na prova cruzada.
A utilização de drogas imunossupressoras trouxe um grande avanço para o transplante de órgãos, em especial para os casos em que o receptor não conseguiu um doador compatível. Uma das primeiras classes de imunossupressores usados na clínica foram os inibidores de calcineurina, que inclui a ciclosporina e o tacrolimus (FK506). Ambos bloqueiam a calcineurina fosfatase, enzima necessária para ativar o fator de transcrição NFAT (Nuclear Fator Activated T cells), responsável pela transcrição dos genes de citocinas inflamatórias nos linfócitos T auxiliares. Outra droga bastante utilizada é a rapamicina capaz de inibir a quinase mTOR (mammalian Target Of Rapamycin), necessária para a ativação dos linfócitos T. Além desses, temos ainda o CTLA-4Ig, que inibe a ativação de células T, bloqueando a ligação da molécula coestimuladora B7 ao CD28; o anti-CD52 (alemtuzumab), anticorpo monoclonal que depleta os linfócitos através da lise mediada por complemento; e os corticoides em geral que reduzem a inflamação por meio de diferentes alvos.
Para ultrapassar a barreira da compatibilidade, além de todos os problemas associados à disponibilidade de órgãos para doação, um novo campo da medicina vem ganhando destaque: a medicina regenerativa. Trata-se de um braço da medicina que busca desenvolver métodos para regenerar, reparar ou substituir células, tecidos ou órgãos disfuncionais por meio do uso terapêutico de células-tronco, da engenharia de tecidos e da produção de órgãos artificiais. Entre as várias abordagens utilizadas na medicina regenerativa, duas chamam atenção na área de transplantes.
A primeira é a descelularização de órgãos, processo que visa remover, por meios físicos ou químicos, todas as células de um órgão, deixando apenas a matriz extracelular acelular, também conhecida como aECM (Extracellular Matrix). Essa espécie de arcabouço do órgão é então recelularizada com células-tronco na presença de estímulos específicos para a diferenciação dessas células naquelas que compunham originalmente o órgão. Assim, um novo órgão é formado a partir do antigo. As células-tronco podem ser obtidas do próprio paciente do qual o órgão foi retirado, evitando, assim, qualquer possibilidade de rejeição.
Como o processo de descelularização é bastante complexo e encontra ainda mais dificuldade principalmente nos casos de órgãos muito vascularizados, outra abordagem para se construir esse arcabouço é a impressão 3D por meio de bioimpressoras. Na prática, são impressoras 3D que utilizam biomateriais como colágeno, gelatina, alginato, fibrina, ácido hialurônico, cálcio, entre outros, em combinação com polímeros sintéticos para a construção de estruturas biológicas. Alguns dos exemplos mais recentes de avanços na bioimpressão 3D foram a construção de uma válvula cardíaca, feita com colágeno por um grupo de pesquisadores americanos, uma estrutura óssea criada por pesquisadores australianos, um protótipo de coração inteiro de coelho gerado por pesquisadores israelenses e minifígados produzidos por pesquisadores brasileiros.
A medicina regenerativa ainda é um campo muito experimental. Tanto é que as abordagens mencionadas, por exemplo, ainda não foram testadas em seres humanos, mas representam uma excelente alternativa para o futuro dos transplantes de órgãos.
Um tipo especial de transplante é o de células-tronco hematopoiéticas (CTH), também conhecido como transplante de medula óssea (TMO). Essas células são as que dão origem aos componentes celulares do sangue, como hemácias, leucócitos e plaquetas. O TMO é atualmente empregado como tratamento para distúrbios sanguíneos como beta-talassemia e anemia falciforme, disfunções do sistema imunológico (casos de imunodeficiência ou autoimunidade) ou como uma forma de facilitar o tratamento de malignidades hematológicas como leucemias e linfomas. O sucesso do transplante de medula óssea está ligado ao regime preparativo ou de condicionamento ao qual o paciente é submetido previamente ao transplante. Os principais objetivos de um protocolo eficaz de condicionamento são:
1. Eliminar ou suprimir a imunidade do receptor, prevenindo a possível rejeição do enxerto.
2. Gerar o espaço necessário ao estabelecimento da medula óssea a ser enxertada.
3. Tratar a patologia de base, processo que é mieloablativo.
Os transplantes de células-tronco hematopoiéticas podem ser classificados de acordo com a fonte anatômica das células a serem enxertadas. A medula óssea é uma fonte rica em células-tronco hematopoiéticas e foi praticamente a única fonte de células doadoras até os anos 1990. Em indivíduos adultos, a medula óssea localiza-se principalmente nos ossos chatos, como no esterno e na crista ilíaca. A coleta de CTH convencional consiste na punção da crista ilíaca e na aspiração da medula. Mais tarde, o cordão umbilical passou a ser uma fonte possível de CTH para transplantes. Com isso, a utilização do sangue de cordão umbilical como fonte de células-tronco passa a oferecer duas vantagens sobre as outras: primeiro, não é necessário nenhum procedimento invasivo para sua obtenção; segundo, não precisa haver compatibilidade HLA total entre doador e receptor, facilitando, assim, a escolha do primeiro. No entanto, apresenta um rendimento menor que um aspirado convencional e, consequentemente, contém uma quantidade de CTH capaz de reconstituir apenas a hematopoiese de crianças ou de adultos com peso inferior a 50 kg. Esse fato bem como a idade do paciente e o maior grau de incompatibilidade foram associados à demora no estabelecimento da enxertia e ao aumento de falhas do transplante. Por fim, a coleta das CTHs direto do sangue periférico representa a terceira e, atualmente, a mais utilizada fonte dessas células para o transplante. Para esse tipo de coleta, o doador recebe, previamente à doação, doses subcutâneas do fator estimulador de colônia de granulócitos ou G-CSF (Granulocyte Colony Stimulating Factor), o qual induz um aumento de mais de vinte vezes dos níveis circulantes de células-tronco no sangue periférico. Assim, a doação ocorre como uma coleta de sangue comum (MERCADANTE, 2013).
Independentemente da fonte utilizada, o transplante é realizado por infusão das CTHs, perifericamente por simples transfusão sanguínea. Uma vez infundidas, migram para o microambiente medular, onde são retidas por interações entre as moléculas de adesão do endotélio vascular e suas integrinas, encontrando, assim, todas as condições para o restabelecimento hematopoiético. Em seguida, as células iniciam o processo de proliferação e diferenciação, reconstituindo, por fim, o sistema hematopoiético.
Os transplantes de células-tronco hematopoiéticas também podem ser classificados, de acordo com o tipo de doador, em autólogo ou heterólogo. No primeiro, as células-tronco hematopoiéticas do próprio indivíduo são coletadas e criopreservadas durante o período em que ele estiver recebendo o tratamento para a doença de base. Ao fim do tratamento, as células-tronco são reinfundidas no paciente para restaurar a função hematopoiética. Já no segundo, doador e receptor são indivíduos diferentes, porém compatíveis. As bases da compatibilidade para esse tipo de transplante são as mesmas que vimos para os outros tipos de transplante, com uma complicação: o número de loci HLA compatíveis é muito maior do que os que influenciam o aceite de órgãos sólidos. Por exemplo, enquanto no transplante renal, três loci influenciam no aceite do enxerto (locus A, B e DR), no TMO entre o par doador/receptor, deve haver compatibilidade em, pelo menos, cinco loci (locus, A, B, C, DR e DQ).
A incompatibilidade imunológica entre o doador e o receptor apresenta duas consequências principais no TMO:
• Rejeição do enxerto por células imunocompetentes do receptor, fato que pode ser neutralizado pelo regime de condicionamento.
• Reconhecimento de antígenos normais de tecidos do receptor por células imunocompetentes do doador, presentes no enxerto. Nesse caso, há o desencadeamento de uma síndrome conhecida como Doença do Enxerto Contra Hospedeiro (DECH).
Esses fatos tornam a procura por um doador compatível para a realização do TCTH alogeneico extremamente difícil (MERCADANTE, 2013).
A DECH trata-se, em termos simplificados, de uma reação alogeneica mediada por linfócitos T do doador frente aos tecidos do hospedeiro, resultando em uma intensa destruição tecidual e em uma falência funcional dos órgãos acometidos. Esses linfócitos, ao serem transfundidos, encontram no receptor um ambiente inflamado, induzido pelo regime de condicionamento. Como consequência, são ativados e coordenam a reposta inflamatória que leva à injúria tecidual (MERCADANTE, 2013).
De acordo com a clínica médica, tanto em humanos quanto em modelos experimentais, a DECH pode ser dividida em aguda (DECHa) ou crônica (DECHc). A DECH aguda é caracterizada por componentes inflamatórios e evolui clinicamente com danos na pele, no intestino e no fígado com o escore de severidade podendo variar de 1 a 4, de acordo com o comprometimento desses tecidos, com o volume de diarreia e com os níveis de bilirrubina encontrados no sangue. Já a forma crônica da DECH acomete cerca de 30 a 65% dos receptores alogeneicos e possui inúmeros fatores comuns às doenças autoimunes vasculares, como o desenvolvimento de esclerodermia, fascite, síndrome seca nos olhos e cavidade oral, além da produção de autoanticorpos e depósitos de imunocomplexos nos rins. O tratamento de ambas as formas é baseado principalmente em corticoides (MERCADANTE, 2013).
Apesar da célula T ser a responsável pelo desencadeamento da DECH, retirá-la do enxerto antes de transplantá-lo é inviável, pois essas células são necessárias para o estabelecimento das novas células-tronco no receptor, provavelmente por secretarem fatores de crescimento indispensáveis à hematopoiese ou, ainda, por impedirem a rejeição mediada por células imunocompetentes residuais do hospedeiro.
Um dado curioso foi observado na clínica médica, em pacientes leucêmicos que passaram pelo transplante de medula óssea: a taxa de recaída da doença de base era progressivamente menor em pacientes reconstituídos com medula óssea alogeneica completa e que não desenvolveram a DECH, em pacientes que desenvolveram apenas uma das formas da doença e em pacientes que desenvolveram ambas as formas de doença. Ou seja, os pacientes que sofriam com a DECH tinham menores chances de voltar a apresentar a leucemia do que aqueles que não desenvolviam a doença após o transplante de medula óssea. Esse fenômeno passou a ser conhecido como efeito enxerto contra leucemia.
reflita
De acordo com o que leu sobre o desenvolvimento da DECH, você seria capaz de apontar a célula responsável pelo efeito enxerto contra leucemia?
Apesar dessas intercorrências, o transplante de células-tronco é uma terapia que salva vidas no mundo inteiro. Para facilitar o encontro entre um doador e um receptor compatível, existem bancos virtuais de cadastro para quem quer ser doador e para os pacientes que precisam de uma medula óssea compatível. No Brasil temos o Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (REREME), para cadastro de receptores, e o REDOME, o maior banco público do mundo para registro dos doadores.
E assim chegamos ao fim de mais uma seção! Parabéns! Agora pesquise mais um pouco sobre o assunto, tire suas dúvidas com o professor e treine com exercícios.
Faça valer a pena
Questão 1
O mesmo poder de discriminar o próprio do não próprio do sistema imunológico é indesejável em certos aspectos terapêuticos, tais como o transplante de células, tecidos ou órgãos de um indivíduo para outro. Antes do advento das terapias imunossupressoras eficazes, os transplantes de órgão, de uma maneira geral, culminavam com o fenômeno da rejeição.
De acordo com o seu conhecimento sobre os tipos de rejeição de enxertos e levando em consideração as informações apresentadas no quadro a seguir, faça a associação dos termos contidos na coluna A com suas respectivas definições na coluna B.
COLUNA A | COLUNA B |
---|---|
I. Rejeição hiperaguda | A. Mediada por linfócitos T e anticorpos alorreativos gerados contra o enxerto, ocorre dias após o transplante e é caracterizada por injúria vascular e destruição tecidual. |
II. Rejeição aguda | B. Mediada pelo ambiente inflamatório persistente, é caracterizada pela perda progressiva da função tecidual, com trombose nos vasos do enxerto e necrose isquêmica no tecido enxertado. |
III. Rejeição crônica | C. Mediada por aloanticorpos pré-formados, ocorre dentro de minutos após o transplante e é caracterizada por trombose nos vasos do enxerto e por necrose isquêmica no tecido enxertado. |
Assinale a alternativa que apresenta a associação correta entre as colunas.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Correto!
A opção correta é a b, que traz a sequência I-C; II-A; III-B. A rejeição hiperaguda ocorre em poucos minutos ou horas após o transplante e é o resultado da destruição do enxerto por anticorpos pré-formados contra antígenos do MHC. Já a rejeição aguda ocorre em um receptor que não tenha sido previamente sensibilizado ao transplante e é mediada por célula que reconhece diretamente os aloantígenos expressos pelas células enxerto. Por fim, a rejeição crônica, pode ser causada tanto pela imunidade humoral quanto pela mediada por célula e ocorre meses ou anos após o transplante.
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Questão 2
Uma vez que o desafio técnico de transplantar órgãos cirurgicamente foi superado, logo ficou claro que a resposta imunológica contra os tecidos enxertados foi a grande barreira para o transplante. Por outro lado, controlar esta resposta imunológica é a chave para o transplante bem-sucedido. Essas realizações têm conduzido ao desenvolvimento da Imunologia do Transplante como uma disciplina dentro do tema mais amplo da Imunologia (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015).
Considerando duas linhagens de camundongos hipotéticos, A e B, geneticamente diferentes, e com base nos fundamentos que norteiam a imunologia de transplantes, julgue as afirmativas a seguir em verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Enxertos de pele entre dois camundongos A não serão rejeitados.
( ) O descendente F1 (A X B) rejeita enxertos de pele de animais da linhagem A ou da linhagem B.
( ) Animais da linhagem A não rejeitam enxertos de pele provenientes de um animal F1 (A X B).
( ) Animais da linhagem A rejeitam enxertos de pele provenientes de um animal B.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
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Correto!
De acordo com os princípios da imunologia dos transplantes, tecidos ou órgãos transplantados entre indivíduos geneticamente idênticos não são rejeitados, enquanto transplantes realizados entre indivíduos geneticamente diferentes o são. A segunda afirmativa está incorreta, pois, um animal, fruto do cruzamento entre camundongos de duas linhagens diferentes, pode receber enxertos de camundongos da linhagem parental. A terceira afirmativa está incorreta, pois, um animal, fruto do cruzamento entre camundongos de duas linhagens diferentes não poderá ser o doador do enxerto para nenhum dos animais parentais, pois é metade estranho a eles.
Questão 3
Antígenos que provocam uma resposta imunológica associada com a rejeição de enxerto são chamados de antígenos de transplantação ou antígenos de histocompatibilidade. Na verdade, o complexo principal de histocompatibilidade foi assim denominado devido ao seu papel central na rejeição de enxertos (COICO; SUNSHINE, 2010).
Com base nos seus conhecimentos sobre o alorreconhecimento imunológico, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
I. Na via indireta de alorreconhecimento, as moléculas de MHC intactas, expressas pelas células do tecido enxertado, são reconhecidas por células T do receptor sem que tenha havido o processamento por células dendríticas.
PORQUE
II. Apesar da seleção negativa eliminar os linfócitos T com alta afinidade por moléculas de MHC próprias, ela pode não eliminar os clones que reconhecem, com alta afinidade, moléculas de MHC alogeneicas, resultando nesse reconhecimento apesar da restrição ao MHC próprio.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
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Correto!
Na via direta de alorreconhecimento, moléculas de MHC, intactas e expressas pelas células do tecido enxertado, são reconhecidas diretamente por células T do receptor, sem que tenha havido o processamento por células dendríticas. Pode parecer estranho que isso aconteça, em especial se você lembrar do fenômeno de restrição ao MHC próprio de que já falamos em outras seções. Mas existem algumas hipóteses possíveis para explicar esse fato. Uma delas é que, apesar da seleção negativa eliminar os linfócitos T com alta afinidade por moléculas de MHC próprias, não necessariamente elimina os clones que reconhecem, com alta afinidade, moléculas de MHC alogeneicas pelo simples fato de essas moléculas não serem apresentadas no timo. Como resultado, o repertório maduro de linfócitos T de um indivíduo possui células com uma afinidade intrínseca fraca por moléculas de MHC próprias, mas com alta afinidade por moléculas de MHC estranhas a ele. Logo, a asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
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Referências
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Basic Immunology: Function and disorders of the imune system. 6. ed. Philadelphia: Elsevier, 2020.
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
COICO, R.; SUNSHINE, G. Imunologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2010. 978-85-277-2341-1. Disponível em: https://bit.ly/3hShtd1. Acesso em: 29 maio 2021.
COICO, R.; SUNSHINE, G. Imunologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3xPfTOu. Acesso em: 29 maio 2021.
MARTI, L. C., RIZZO, L. V. Do transplante de medula à terapia biológica complexa. Einstein, São Paulo, v. 9, n. 2, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3ixaoxs. Acesso em: 29 maio 2021.
MERCADANTE, A. C. T. Efeito protetor da terapia combinada de indução de tolerância oral e tratamento probiótico do doador na Doença Enxerto contra Hospedeiro aguda. 2013. 153 f. Tese (Doutorado em Atenção ao Câncer – Ênfase em Imunologia) – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Rio de Janeiro, 2013.
WELNIAK, L. A., BLAZAR, B. R., MURPHY, W. J. Immunobiology of Allogeneic Hematopoietic Stem Cell Transplantation. Annu Rev Immunol., [S. l.], v. 25, p. 139-170, 2007.